quarta-feira, 14 de abril de 2010

O que gostamos de compartilhar...

É interessante observar como tudo já foi tentado para “irmanar” mais as pessoas, não obstante a separação existente entre grupos étnicos, orientações sexuais, classes sociais, etc.

Aproximar pobres e ricos, então, é uma dura missão, já tentada através do socialismo burguês, da caridade cristã e de várias outras doutrinas apontadas nesse sentido.

Diante do evidente fracasso de todas essas tentativas, algo digno de destaque é a propriedade que possui o mau-gosto de inspirar solidariedade e sociabilidade entre diversos grupos, inclusive atravessando classes sociais.

Não é raro observarmos jovens que, mesmo vivendo de baixos salários, gastam o que têm e o que não têm para equiparem seus humildes carros populares no sentido de distribuírem para todos o seu deplorável gosto musical. Prática também muito difundida entre os jovens abastados, que com bem menos sacrifício, mas não menos generosidade, equipam caros automóveis com uma enorme parafernália para compartilhar irrestritamente o que houver de pior em termos de música.

A música vulgar, baixa, irritante, encabeça sempre esses impulsos de solidariedade, mas não é o único item do mau-gosto que se faz pronta e largamente partilhado. Outro comportamento digno de nota é aquele inspirado nos reallity shows. Parece que qualquer cidadão, desde os pobres, muitas vezes prejudicados pelo pouco acesso ao estudo, à informação, passando pela classe média portadora de canudos universitários, chegando até o “topo da pirâmide”, está sempre à disposição do próximo para fornecer informações e discutir os últimos acontecimentos do Big Brother. A boa-vontade, a generosidade, é tamanha, que fica até difícil recusar. Mesmo para os que não estão interessados, há sempre alguém se prontificando a relatar os últimos eventos do programa, auxiliar na compreensão daquela intrincada correlação de forças entre cobaias acéfalas, cada um se torna um difusor dos acontecimentos, das "interessantíssimas" crônicas sobre nada do Pedro Bial. A coisa vira um fenômeno da sociabilidade. Só não participa quem, como eu, acaba passando por anti-social.

Enfim, como o fenômeno não é isolado ao Brasil, mas parece ocorrer no mundo inteiro de maneira bastante pronunciável, talvez seja da nossa natureza compartilhar esse tipo de coisas, talvez tendamos mesmo a esse comportamento, análogo ao das moscas, que nos impulsiona a compartilhar irrestrita e alegremente determinadas degenerescências

Um comentário:

  1. hahahahaha, esse foi o que eu gostei mais até agora!!!!!!! Sem pseudo-reprimendas ou observações inúteis quaisquer.... hahaha tá massa!

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